O Design e o Mercado

Para escrever sobre a atividade do design é necessário considerar, preliminarmente, a maneira como ela e a profissão de designer são percebidas por esse mercado.

O design é uma atividade criadora, técnica e inovadora por excelência, e não plástica e funcionalista como pensam alguns.

Segundo um recente relatório da United Nations Conference on Trade and Development, o design faz parte de um dos quatro núcleos de atividades estratégicas da chamada economia criativa.

Por outro lado, para Richard Bibb, importante designer inglês, o conceito de design está ampliado: “Hoje significa que todo o processo de desenvolvimento de um produto, antes mesmo de começar a ser criado, deve refletir a estratégia da empresa”.

Diante dessas afirmações, e tendo em vista o enorme abismo entre elas e a realidade de um mercado em que alguns consideram a atividade projetual como despesa, a cópia de características de um produto líder como alternativa “inteligente” de investimento e o custo de R$ 50,00 para a criação de uma marca em uma gráfica rápida qualquer como solução, conclui-se que o caminho para a consolidação da atividade do design é enorme e árduo.

Para se ter uma visão da realidade e de como a atividade de design é considerada, percebida e por consequência “consumida”, reporto-me a situações pitorescas envolvendo os designers em premiações locais como o “Recall de Marcas” e o “Marcas Preferidas”, promovidas pelos jornais de Pernambuco, em que um percentual significativo de marcas corporativas, de produtos e de embalagens premiados era resultado do desenvolvimento criativo de designers e/ou projetado por empresas de design que, estranhamente, não receberam nenhum crédito ou, minimamente, uma simples citação por sua destacada participação nesses eventos.

Outro exemplo, também significativo, ocorreu no Salão Pernambuco Design que nos seus dois últimos eventos, recebeu mais de 500 trabalhos desenvolvidos por profissionais e Empresas de design. Foram selecionados e premiados vários projetos desenvolvidos para importantes empresas da região, mas, no período em que os trabalhos ficaram expostos, a visitação espontânea do empresariado foi simbólica.

Com esses exemplos percebe-se que, mesmo com a efetiva participação dos designers no desenvolvimento econômico da região, o mercado não percebe esse envolvimento no processo criativo e, por não compreender a essência e a importância qualitativa da atividade para o resultado das empresas acaba, lamentavelmente, transferindo os créditos de autoria para outros segmentos.

Aparentemente contrariando as afirmações aqui expostas, não se pode deixar de considerar que o uso da expressão “design” cresce com uma infinidade de diferentes significados, muitas vezes em situações nas quais aparece como adjetivo, qualificando a beleza plástica de objetos, mas raramente expressando o seu verdadeiro significado, que é o projeto e o planejamento.

Seria excelente se pudéssemos visualizar nesse “uso” o resultado no aumento da sua compreensão e, por consequência, a adequada contextualização de sua importância. Isso, lamentavelmente, não vem ocorrendo.